Ser mulher comunista: Dirce Machado, a cultura política comunista e a Revolta Camponesa de Trombas e Formoso (1955-1964)

O objetivo deste projeto de pesquisa é compreender como a cultura política comunista conformou uma identidade feminina específica que levou a militante Dirce Machado a se tornar líder de um grupo de mulheres que atuou na revolta camponesa de Trombas e Formoso (GO, 1955-1964). No começo dos anos 1950 Dirce Machado, sob orientação do PCB, se mudou para Trombas e Formoso, uma região do norte de Goiás que estava sendo ocupada por centenas de posseiros e disputada por grileiros. Junto a outros quatro militantes comunistas, Dirce pretendia organizar os trabalhadores rurais e impedir sua expulsão das terras. Ao chegar à região foi surpreendida pelas péssimas condições de vida das famílias dos posseiros, em especial das mulheres, as quais, além da miséria, eram submetidas a violências físicas e psicológicas pelos homens da região. Dirce, então, organizou um trabalho político junto a um grupo de donas de casa dedicando-se a ensinar-lhes desde noções de higiene até a ideologia comunista. As posseiras que se uniram a Dirce formaram um grupo guerrilheiro que tiveram destacada atuação na revolta de Trombas e Formoso e, juntas, passaram a exigir, além do acesso à terra, uma nova postura por parte dos homens da região. Ao se ocupar da organização política das mulheres do norte de Goiás, visando libertá-las da opressão masculina e agrária, Dirce Machado se utilizou do repertório cultural partilhado pelo PCB acerca da questão feminina e, nesse processo, reafirmou sua própria identidade de gênero. Através da metodologia da história oral, esta pesquisa analisou a trajetória de Dirce no movimento camponês goiano, suas memórias sobre o evento e, sobretudo, os significados atribuídos por ela à experiência de ser mulher no meio rural brasileiro em oposição a de ser uma mulher comunista.

Por:  Paula Ferreia e Martha Rebelatto, Luiza Louback e Ana Júlia Sousa Marinho.

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