Narradores de Betim: Pastoral operária e mundos do trabalho da cidade de Betim (1970-1989)

Apesar da intensa articulação entre Igreja e trabalhadores na RMBH desde a década de 1980 e a importância desse processo na organização da luta pelos direitos trabalhistas, ainda há uma enorme lacuna na historiografia e na produção memorialística sobre a história social dos trabalhadores de Betim. Identificar esse silenciamento do passado é o primeiro passo para buscar uma reconciliação entre a memória individual e coletiva e a história acadêmica. O projeto de pesquisa se propôs a investigar os possíveis motivos do silenciamento desse processo, identificando as tensões em torno da construção da identidade dos trabalhadores e, em especial, dos próprios habitantes da cidade no que diz respeito às relações entre coletividade, organização social e práticas religiosas. Os trabalhadores de Betim vivenciaram uma experiência de organização social bastante significativa na década de 1980, que pleiteava garantia de direitos trabalhistas, como a estabilidade e melhores salários.

Nesse sentido, entendemos que (re)criar e (re)contar a memória da organização dos trabalhadores católicos em Betim configura-se como um espaço de construção de novos sentidos para a coletividade e para organização do mundo do trabalho da cidade. A história pública tem como horizonte a construção de identidade, contribuindo para a apropriação da comunidade local tanto dos trabalhos acadêmicos quanto das discussões sobre seu próprio passado. Trata-se de uma proposta de apropriação desse passado e de diálogo publicamente as histórias dos habitantes de Betim. A pesquisa pretendeu, desse modo, compreender os usos do passado que os trabalhadores fizeram para dar sentido à sua trajetória, mas também, criar um espaço de interlocução entre produção acadêmica e a comunidade local para dar novos sentidos e usos desse passado, investindo no fortalecimento de laços comunitários. Um dos possíveis desdobramentos da pesquisa é fomentar a construção de um espaço de debate público frente aos desafios da articulação dos trabalhadores locais face às transformações sociais e políticas que vivenciamos, como o desemprego, a violência interpessoal e sistêmica, o aumento do custo de vida, etc.]

Por: Lucas Pereira e Samuel Saurino Condé.

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